Pressão por investigações externas, causaram a interrupção da reunião ordinária do Conselho de Administração da estatal nesta sexta-feira, 31
As denúncias de corrupção na
Petrobras e a pressão por um aprofundamento nas investigações internas causaram
nesta sexta-feira (31) a interrupção da reunião ordinária do Conselho de
Administração da estatal. O encontro será retomado na próxima terça-feira (4),
quando, finalmente, deve ser decidido se os preços da gasolina e do óleo diesel
vão subir. O tema estava na pauta da reunião do conselho, que tem o Ministro da
Fazenda, Guido Mantega, como presidente. Mas, segundo fontes, nada foi dito
sobre aumentos. A discussão no colegiado se limitou à pressão feita pela
PriceWaterhouseCoopers (PwC) para ampliar as investigações internas sobre
denúncias que vieram à tona com a Operação Lava Jato, da Polícia Federal.
A indefinição sobre as
auditorias expôs o clima de paralisia na petroleira, pressionada por uma
situação financeira delicada e pelos escândalos que vieram a público com a
Operação Lava Jato, da Polícia Federal. Auditora independente dos resultados
financeiros da Petrobras desde 2012, a empresa exigiu da estatal maior esforço
para esclarecer as denúncias. Como ultimato, a PwC se recusou a aprovar as
contas da estatal do terceiro trimestre deste ano, e ainda ameaçou levar o caso
aos órgãos reguladores e à justiça dos Estados Unidos.
Silêncio
Procurada, a PwC disse não
comentar situação de seus clientes. Entre os conselheiros, imperou o silêncio
após a reunião. A ordem é não comentar qualquer tópico discutido durante as seis
horas em que estiveram reunidos nos escritórios da companhia, no Rio e em
Brasília.
Como resposta à pressão da
auditora externa, a Petrobras anunciou na segunda-feira, 27, a contratação de
dois escritórios de advocacia para apurar "natureza, extensão e impacto"
das denúncias feitas por Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento na
investigação da Lava Jato. No dia seguinte, a estatal entrou na Justiça com
pedido para mais esclarecimentos de Costa, apresentando uma relação de
questionamentos formulados pela auditoria interna da estatal.
As medidas não foram
suficientes para a PwC rever sua posição, e a análise dos dados financeiros foi
adiada. Até o momento, não há previsão para que o balanço da estatal seja
avaliado pelo conselho, como prevê o regimento interno. O prazo legal para
apresentação pública dos resultados é o dia 14 de novembro.
Antes, na próxima
terça-feira, dia 4, uma reunião extraordinária do Conselho deve selar uma
decisão sobre o reajuste do preço dos combustíveis. Hoje, a expectativa de
confirmação do aumento levou as ações da companhia a subirem mais de 6% na
BMF&Bovespa, logo após o término do encontro. Apesar de auxiliar as contas
da companhia, o reajuste logo após as eleições é visto por analistas de mercado
como um sinal de ingerência política no comando da estatal.
O tema envolvendo os
questionamentos feitos pela PwC era o primeiro item da reunião, que foi
suspensa antes que se chegasse a uma conclusão. A pauta do encontro também
previa uma análise sobre o andamento das auditorias internas da Petrobrás sobre
a refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, a refinaria Abreu e Lima (Rnest),
em Pernambuco, e o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). As três
auditorias foram criadas há sete meses sem nunca ter apresentado qualquer
conclusão.
Desde maio a estatal
enfrenta desgastes em função dessas auditorias. O presidente do Conselho de
Administração, o ministro da Fazenda Guido Mantega, decidiu destituir
conselheiros independentes do Comitê de Auditoria, um órgão auxiliar responsável
por coordenar as apurações internas.
Os cargos foram ocupados por
dois conselheiros ligados ao governo, a ministra do planejamento Miriam
Belchior e o presidente do BNDES, Luciano Coutinho. A saída do conselheiro
gerou reclamações e processos na Comissão de Valores Mobiliários (CVM),
questionando a ingerência política sobre as investigações. As ações foram
arquivadas.
Fonte: Agência Estado