quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

0 Falta de linhas de transmissão atrasa operação de 34% dos parques eólicos

Torres eólicas paradas em Caetité, na Bahia, em 29 de janeiro de 2013
A energia eólica no Brasil tem hoje a capacidade de geração de 3,4 Gigawatts (GW) distribuída em 140 parques, mas 48 deles, mesmo prontos, não podem operar por falta da conexão entre a usina e a rede elétrica. As usinas paradas, localizadas nos Estados da Bahia e Rio Grande do Norte, deixam de gerar 1,2 GW, pouco mais de um terço da capacidade total. Em operação, esses parques poderiam iluminar 2 milhões de casas, diz a Abeeólica (Associação Brasileira de Energia Eólica).

Hoje o Brasil apresenta uma matriz elétrica com 123 GW instalados, composta por 69% de hidrelétricas, 27% de termelétricas, 2% de eólicas e 1,6% de nucleares, segundo a Abeeólica.

A previsão é de que 21 dos parques no RN comecem a funcionar até maio de 2014, junto com os 17 parques localizados na Bahia. Os 10 restantes só estarão conectados a rede elétrica em 2015. Em 28 dos casos, a previsão de entrada em operação era 2012. Em 20, era setembro de 2013. Os dados são da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica ) e da Abeeólica.

De acordo com o relatório de novembro da Aneel sobre o estágio das obras dos parques,  28 das usinas que hoje estão paradas tiveram sua construção concluída em 2012, quando foi realizada a colocação das torres. No caso dos parques cuja conexão à rede elétrica está prevista para 2015, a colocação das torres teve início neste ano.

A única divergência entre os dados da Abeeólica com os apresentados pela Aneel está relacionada a entrada em operação das Usinas Asa Branca. A entidade prevê início ainda em 2014, enquanto a agência apenas em 2015. Toda rede de transmissão na região nordeste é de responsabilidade da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf). Procurada, a estatal não se pronunciou sobre o assunto até o fechamento desta matéria.

Na visão da presidente executiva da Associação, Elbia Melo, a Chesf não pode ser inteiramente responsabilizada pelo atraso. "Licenças ambientais, liberações do Iphan [Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional], além da complexidade de engenharia para construir as linhas estão entre as causas do atraso. Estamos em um momento de aprendizado pelos quais também passam México, China e Inglaterra, agora na instalação de turbinas off-shore (no mar)."

Para evitar problemas como este, que não prejudicaram as usinas hidrelétricas, o Ministério de Minas e Energia publicou portaria em julho que prevê a responsabilização do administrador do parque eólico pelo atraso na geração de energia e pagamento de multa com o objetivo de evitar "o descompasso entre a geração e transmissão de energia elétrica". A determinação foi válida para o leilão realizado em 18 de novembro, mas a portaria foi extinta no dia seguinte (19). A Empresa de Pesquisa Energética prevê o investimento de R$ 17,9 bilhões em projetos de expansão de energia elétrica para o período de 2013 a 2018. Caso seja aprovado, os projetos devem ser licitados em 2014.

Instalação de aerogeradores em dunas causa polêmica no Rio Grande do Norte.



Uma das mais belas paisagens de Rio Grande do Norte, as dunas de Galinhos, a 160 km de Natal, está tendo sua paisagem modificada com a construção de parque de um energia eólica. 


O professor da Universidade Federal do Ceará e consultor em projetos relacionados a energia eólica Demercil Oliveira Júnior diz que a demora no início da operação gera prejuízo. O principal problema, segundo ele, é a necessidade de utilizar a energia térmica, mais cara do que energia eólica e hidroelétrica. "Além do prejuízo do parque montado sem operar, temos que pagar por uma energia mais cara. É uma conta dupla", avalia.

A opção por termoelétricas também é mais nociva ao meio ambiente, já que elas utilizam combustível e emitem CO2, o que não ocorre nas usinas eólicas. Dados disponíveis no site da Abeeólica mostram que a implantação de parques eólicos no Brasil poupa a emissão de 3 bilhões de toneladas de CO2 na atmosfera por ano.

A instalação de usinas eólicas no Brasil começou em 2004, com a criação do  Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa). O programa tinha como objetivo diminuir a parcela de responsabilidade das hidrelétricas e da variação das chuvas. No ano do lançamento do programa, o preço do quilowatt por hora gerado por uma usina eólica era superior a R$ 320 (com as correções feitas), valor quase três vezes superior ao do último leilão realizado em 13 de dezembro, quando alcançou o preço médio de R$ 119,03/MWh, em  97 projetos contratados de parques eólicos, somando 2.337,8 MW e 67% da potência total negociada. A energia eólica foi a principal modalidade contratada neste leilão.

A rápida redução de preço da energia eólica é resultado de sua maior capacidade, aponta o mestre Leonardo Damas, em dissertação de mestrado defendida em agosto desse ano. Se em 2004 a previsão de operação das usinas, na capacidade máxima, alcançava 30%, o último leilão realizado em dezembro atingiu patamares de 55%. A melhoria na tecnologia dos novos aerogeradores disponíveis no mercado nacional e a criação de uma cadeia produtiva do setor eólico no país, com incentivos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para que empresas estrangeiras se instalem, também é apontada por Damas como fatores que incentivam a energia eólica.

Em 2004, as torres tinham até 50 metros, hoje chegam a 100 ou 120. A potência dos aerogeradores também aumentou e foi de 500 quilowatts para 3 megawatts. Por conta do salto tecnológico, o potencial de geração no país foi recalculado, saltando de 143 Gigawatts para 350.

Em seu trabalho, o engenheiro mecânico também faz um alerta sobre a real capacidade de geração inicialmente prevista pelos administradores dos parques. Um dos motivos para a diferença entre o que foi medido em testes antes do início da operação comercial e após, quando já estão em funcionamento, é a irregularidade da formação dos ventos e a medição feita a mais de 10 quilômetros da localização do parque.

Fonte: UOL

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