Até o final da noite de sexta-feira (19), 1279 mortes haviam sido registradas em todas as regiões do RN |
Jovem executado com vários tiros de arma de fogo em Areia Branca/Foto: Reprodução |
Apesar da quantidade de
homicídios no Rio Grande do Norte ter diminuído nos últimos dois meses, o
número de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI) aumentou
consideravelmente no Estado em 2014 comparado com o mesmo período do ano
passado. Crime por execução representa a maior parte dos casos.
A violência no RN segue com
números assustadores. De acordo com dados apresentados por Ivênio Hermes,
especialista em Políticas e Gestão em Segurança Pública e pesquisador nas áreas
de Criminologia, Direitos Humanos, Direito e Ensino Policial, até o final da
noite desta sexta-feira (19), 1279 Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLIs)
foram registrados em todo o Estado, uma média de 4,86 por dia. No mesmo período
do ano passado esse número era de 1143, o que significa um aumento de 11,9%. O
mês de maior incidência foi julho, exatamente o período da Copa do Mundo em
Natal, com 168 CVLIs. Maio, com 163, março, com 155 e abril e junho, com 151,
vêm na sequência (Ver quadros abaixo).
A motivação que lidera as
estatísticas é a execução, com 932. As mortes por vingança aumentaram, passaram
de 6 em 2013 para 38 em 2014, uma subida de 533%. Já o latrocínio (roubo
seguido de morte), teve uma diminuição, caindo de 67 para 45 (-32,84%). Já o
instrumento mais utilizado para cometer os CVLIs segue sendo a arma de fogo,
usada em 1087 casos. Cento e sete pessoas foram vítimas de arma branca e 25 de
ação contundente, que são objetos capazes de agir traumaticamente sobre o corpo
humano, como pedras, paus, barras de ferro e taco de basebol.
O número de CVLIs contra
negros teve uma queda significativa. Passou de 908 para 583 (-35,79%). Em
contrapartida, os crimes contra pessoas de etnia parda subiram de 108 para 411
(280,56%), enquanto os contra pessoas de etnia branca passaram de 84 para 240
(185,71%).
“A violência homicida, a
sanha criminosa e a morbidade criminal atual precisam de amplas ações
integradas entre governo e sociedade civil, além de esforço mais presente em
todos os locais para onde o crime tem migrado. O esforço da gestão somente
mostra o quão necessitado estamos para conseguir frear a violência homicida.
Talvez com a entrada dos novos policiais civis e do curso de formação para os
suplentes, encontremos mais fundamento para diminuir os índices letais”,
afirmou Ivênio Hermes.
Queda entre julho e setembro
Os dados apresentados por
Ivênio Hermes confirmam a tendência que tem acontecido nos últimos meses. Em
julho, foram 168 mortes, enquanto em agosto esse número foi de 143. Em
setembro, o total até agora é de 67. “Apesar da redução dos números, a
Secretaria Estadual de Segurança Pública sabe que precisa fazer mais. E estamos
fazendo. Aguardamos a conclusão da entrada de 122 novos policiais civis, que
foram convocados recentemente e encerraram, assim, a lista dos que aguardavam
nomeação do último concurso. Até outubro, receberemos ainda mais viaturas que
foram compradas desde maio e estão sendo entregues por lote, por questões de
produção da fábrica”, afirmou o titular da SESED/RN, Eliéser Girão.
Porém, para Ivênio Hermes,
essa diminuição apenas mascara o aumento da criminalidade. “Houve uma
acomodação e desaceleração da criminalidade mórbida ou homicida, no entanto,
houve uma ampliação em outros tipos de crimes como assaltos, arrombamentos, e
retornando aos crimes letais, inclusive, têm acontecido alguns tipos que são
costumeiramente subnotificados, como as duas mulheres encontradas mortas em
Macaíba, o feto encontrado no lixão, e assim dezenas de crimes violentos letais
intencionais tem sido chancelados com o selo “a esclarecer”, dos quais o grande
público e parte da imprensa somente tomarão conhecimento por ocasião das
divulgações das estatísticas realizadas por pesquisadores fora do âmbito
governamental”, destacou.
Fonte: Diego Hervani - Portal JH
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