Torres eólicas paradas em Caetité, na Bahia, em 29 de janeiro
de 2013
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Hoje o Brasil apresenta uma matriz elétrica com 123 GW
instalados, composta por 69% de hidrelétricas, 27% de termelétricas, 2% de
eólicas e 1,6% de nucleares, segundo a Abeeólica.
A previsão é de que 21 dos parques no RN comecem a funcionar
até maio de 2014, junto com os 17 parques localizados na Bahia. Os 10 restantes
só estarão conectados a rede elétrica em 2015. Em 28 dos casos, a previsão de
entrada em operação era 2012. Em 20, era setembro de 2013. Os dados são da Aneel
(Agência Nacional de Energia Elétrica ) e da Abeeólica.
De acordo com o relatório de novembro da Aneel sobre o
estágio das obras dos parques, 28 das
usinas que hoje estão paradas tiveram sua construção concluída em 2012, quando
foi realizada a colocação das torres. No caso dos parques cuja conexão à rede
elétrica está prevista para 2015, a colocação das torres teve início neste ano.
A única divergência entre os dados da Abeeólica com os
apresentados pela Aneel está relacionada a entrada em operação das Usinas Asa
Branca. A entidade prevê início ainda em 2014, enquanto a agência apenas em
2015. Toda rede de transmissão na região nordeste é de responsabilidade da
Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf). Procurada, a estatal não se
pronunciou sobre o assunto até o fechamento desta matéria.
Na visão da presidente executiva da Associação, Elbia Melo,
a Chesf não pode ser inteiramente responsabilizada pelo atraso. "Licenças
ambientais, liberações do Iphan [Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional], além da complexidade de engenharia para construir as linhas estão
entre as causas do atraso. Estamos em um momento de aprendizado pelos quais
também passam México, China e Inglaterra, agora na instalação de turbinas
off-shore (no mar)."
Para evitar problemas como este, que não prejudicaram as
usinas hidrelétricas, o Ministério de Minas e Energia publicou portaria em
julho que prevê a responsabilização do administrador do parque eólico pelo
atraso na geração de energia e pagamento de multa com o objetivo de evitar
"o descompasso entre a geração e transmissão de energia elétrica". A
determinação foi válida para o leilão realizado em 18 de novembro, mas a
portaria foi extinta no dia seguinte (19). A Empresa de Pesquisa Energética prevê
o investimento de R$ 17,9 bilhões em projetos de expansão de energia elétrica
para o período de 2013 a 2018. Caso seja aprovado, os projetos devem ser
licitados em 2014.
Instalação de aerogeradores em dunas causa polêmica no Rio
Grande do Norte.
Uma das mais belas paisagens de Rio Grande do
Norte, as dunas de Galinhos, a 160 km de Natal, está tendo sua paisagem
modificada com a construção de parque de um energia eólica.
O professor da Universidade Federal do Ceará e consultor em
projetos relacionados a energia eólica Demercil Oliveira Júnior diz que a
demora no início da operação gera prejuízo. O principal problema, segundo ele,
é a necessidade de utilizar a energia térmica, mais cara do que energia eólica
e hidroelétrica. "Além do prejuízo do parque montado sem operar, temos que
pagar por uma energia mais cara. É uma conta dupla", avalia.
A opção por termoelétricas também é mais nociva ao meio
ambiente, já que elas utilizam combustível e emitem CO2, o que não ocorre nas
usinas eólicas. Dados disponíveis no site da Abeeólica mostram que a
implantação de parques eólicos no Brasil poupa a emissão de 3 bilhões de
toneladas de CO2 na atmosfera por ano.
A instalação de usinas eólicas no Brasil começou em 2004,
com a criação do Programa de Incentivo
às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa). O programa tinha como
objetivo diminuir a parcela de responsabilidade das hidrelétricas e da variação
das chuvas. No ano do lançamento do programa, o preço do quilowatt por hora
gerado por uma usina eólica era superior a R$ 320 (com as correções feitas),
valor quase três vezes superior ao do último leilão realizado em 13 de
dezembro, quando alcançou o preço médio de R$ 119,03/MWh, em 97 projetos contratados de parques eólicos,
somando 2.337,8 MW e 67% da potência total negociada. A energia eólica foi a
principal modalidade contratada neste leilão.
A rápida redução de preço da energia eólica é resultado de
sua maior capacidade, aponta o mestre Leonardo Damas, em dissertação de
mestrado defendida em agosto desse ano. Se em 2004 a previsão de operação das
usinas, na capacidade máxima, alcançava 30%, o último leilão realizado em
dezembro atingiu patamares de 55%. A melhoria na tecnologia dos novos
aerogeradores disponíveis no mercado nacional e a criação de uma cadeia
produtiva do setor eólico no país, com incentivos do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para que empresas estrangeiras se
instalem, também é apontada por Damas como fatores que incentivam a energia
eólica.
Em 2004, as torres tinham até 50 metros, hoje chegam a 100
ou 120. A potência dos aerogeradores também aumentou e foi de 500 quilowatts
para 3 megawatts. Por conta do salto tecnológico, o potencial de geração no
país foi recalculado, saltando de 143 Gigawatts para 350.
Em seu trabalho, o engenheiro mecânico também faz um alerta
sobre a real capacidade de geração inicialmente prevista pelos administradores
dos parques. Um dos motivos para a diferença entre o que foi medido em testes
antes do início da operação comercial e após, quando já estão em funcionamento,
é a irregularidade da formação dos ventos e a medição feita a mais de 10
quilômetros da localização do parque.
Fonte: UOL
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