Uma testemunha ouvida pelo Ministério Público na
investigação da máfia do ISS disse que o ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD)
recebeu uma "fortuna" da Controlar, empresa responsável pela inspeção
veicular na capital.
Segundo ela, esse dinheiro ficou no apartamento do então
prefeito e foi transferido de avião para uma fazenda em Mato Grosso, numa
operação capitaneada pelo empresário Marco Aurélio Garcia.
A informação foi revelada na noite desta quinta-feira pelo
"Jornal Nacional" e pelo jornal "O Estado de S. Paulo".
Ex-prefeito diz que o depoimento é "falso e
fantasioso"; a Controlar nega "veementemente".
Marco Aurélio é irmão de Rodrigo Garcia, ex-secretário da
gestão Kassab que emprestava um imóvel no centro para os integrantes da máfia
do ISS se reunirem. Rodrigo é hoje secretário do governo Geraldo Alckmin
(PSDB).
De acordo com o promotor Roberto Bodini, a testemunha disse
não saber o valor supostamente dado pela empresa ao prefeito. Mas afirmou que o
volume era tão grande que o avião teve dificuldades de levantar voo.
A versão da testemunha, identificada como Gama, é baseada em
conversas ouvidas por ela dos integrantes da máfia do ISS, principalmente
Ronilson Bezerra Rodrigues, subsecretário da Receita da gestão Kassab. O grupo
é acusado de reduzir o ISS de empresas, em troca de propina.
A transferência do dinheiro do apartamento para a fazenda
ocorreu, conforme a testemunha, após a Promotoria iniciar investigação contra
Kassab e a Controlar.
Em 2011, a Justiça chegou a determinar o bloqueio de bens do
prefeito e de empresas e empresários ligados à Controlar. A medida foi
revertida tempos depois.
Em 2007, a gestão Kassab desengavetou um contrato com a
Controlar que estava parado havia dez anos.
Isso ocorreu contrariando alertas sobre irregularidades
feitos por técnicos da prefeitura. Um parecer da Secretaria de Negócios
Jurídicos, de 2006, recomendou a rescisão do contrato. Kassab responde
judicialmente por isso.
Editoria de Arte/Folhapress
BOLSA
A testemunha também disse que Mauro Ricardo, que foi
secretário de Finanças da gestão Kassab, recebeu propina para diminuir o ISS
pago pela Bolsa de Valores de São Paulo em suas operações.
Com a ajuda de Ronilson, eles teriam reduzido o valor máximo
cobrado para o mínimo. "E isso de fato aconteceu. Desde 2011", disse
Bodini.
É a primeira vez que Kassab e Ricardo são acusados de
receber propina.
Antes, ambos tinham sido implicados indiretamente numa
conversa por telefone entre Ronilson e Paula Nagamati, fiscal investigada por
ter recebido dinheiro do grupo.
Eles falavam da investigação da Controladoria Geral do
Município sobre a quadrilha.
"Tinham que chamar o secretário e o prefeito também,
você não acha? Chama o secretário e o prefeito com quem eu trabalhei. Eles
tinham ciência de tudo", disse Ronilson.
Gama também afirmou ter ouvido que a máfia do ISS pagou mais
de R$ 5 milhões, em parcelas, para os vereadores Antonio Donato (PT) e Aurélio
Miguel (PR) não abrirem uma CPI do caso.
Fonte: Folha S.Paulo
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