Rayff Targino contou que há algum tempo não ia para a rua por falta de equipamento
Diego Hervani
Repórter
A falta de estrutura das
delegacias do Rio Grande do Norte é um dos principais problemas que atingem o
sistema de segurança do Rio Grande do Norte e atrapalham o trabalho dos
policiais. Cansado dessa situação, o chefe de investigações da DP de Macaíba, Rayff
Targino, entregou o cargo.
“Recebemos a delegacia no
ano passado sem nenhuma munição. Quatro policiais estavam sem armas, inclusive
eu. Eu estou há 15 anos na Polícia Civil e ontem eu recebi a minha primeira
pistola fornecida pelo Estado. Informei aos órgãos competentes essa situação,
que a DP estava sem munição, com coletes vencidos. Também estávamos sem receber
as diárias operacionais. Reclamei durante muito tempo. Como não fui atendido,
para não colocar em risco a minha integridade e a dos outros colegas, no dia 30
de setembro eu entreguei a chefia de investigação”, afirmou Rayff, que ainda
completou. “Estou dando meu expediente normal até que o meu pedido seja
atendido ou não. Hoje tenho condições de ir para a rua, com a pistola nova. Não
sou obrigado a tirar do meu bolso para comprar arma e munições para ir
trabalhar. Em razão dessa situação toda, a DP foi encaminhada para a
corregedoria, todo mundo fica calado, com medo. Mas eu não fico calado”.
No que diz respeito às
diárias operacionais, Rayff conta que tem policial que há muito tempo não
recebe o valor. “Policiais nossos foram convocados para trabalhar na Copa do
Mundo e ainda não receberam as diárias operacionais. Eu me neguei a ir para a
Copa. Só iria se fosse obrigado. A diária operacional é para o policial se
manter durante esse serviço extraordinário e deveria ser paga antes do serviço.
Os policiais têm que tirar dinheiro do próprio salário para manter um serviço
extraordinário. Uma diária operacional hoje de um PC mais barata que um pedreiro.
A de um pedreiro é de R$ 100 e a de um PC gira em torno de R$ 60″.
Rayff ainda disse que as
condições de trabalho na DP de Macaíba são “desumanas”. “Os policiais trabalham
entre 10 e 12 horas por dia. Nos últimos dias recebemos cerca de 250 munições,
pistolas e coletes. Mas ainda temos dois policiais que trabalham com revólver.
Eu não quero trabalhar com revólver. Os bandidos chegam com uma pistola, que
disparam 20 tiros em três segundos e os policiais estão com um revólver com
seis munições. Ainda temos uma viatura com documentação toda atrasada. Os
policiais dirigem um veículo irregular. Como você vai trabalhar assim? Isso é
desumano”.
Apesar de todos os
problemas, a quantidade de homicídios teve uma queda significante. De acordo
com dados apresentados por Rayff, entre janeiro e agosto deste ano, 46
assassinatos foram registrados no município da Grande Natal. No mesmo período
de 2013 esse número foi de 60. “Tudo isso graças aos esforços do delegado
Normando (titular da DP de Macaíba) e de toda a equipe. Temos 13 policiais aqui
que se esforçam ao máximo, mesmo sem termos as condições ideais de trabalho.
Muitas vezes saímos para trabalhar com munições e armas compradas por nós
mesmos”, comentou o chefe de investigações.
Para finalizar, Rayff contou
que foi prometido que na próxima semana novos equipamentos irão chegar na
delegacia. “Essa semana nós recebemos quatro pistolas novas, pois tínhamos
quatro policiais que estavam sem armamento. Também recebemos alguns coletes e
como falei anteriormente, também recebemos 250 novas munições. Para a próxima
semana nos foi prometido outros equipamentos. O problema é que esses
equipamentos precisam ser renovados depois de uma época, mas não existe um
planejamento para isso”.
Fonte: Portal JH
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