Desde que estourou o escândalo, a petista tentava desqualificar as informações fornecidas pelos delatores Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef
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A presidente Dilma Rousseff, durante entrevista coletiva
no Palácio da Alvorada (Divulgação)
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A presidente-candidata Dilma
Rousseff (PT) admitiu neste sábado pela primeira vez que houve desvio de
recursos públicos na Petrobras. Desde que estourou o escândalo envolvendo
políticos e empresários que sangravam os cofres da estatal, a petista tentava desqualificar
as informações fornecidas em acordo de delação premiada pelo ex-diretor de
Refino e Abastecimento da empresa, Paulo Roberto Costa, e pelo doleiro Alberto
Youssef. No dia em que reportagem de VEJA traz outra revelação de Youssef – o
dinheiro do petrolão abasteceu a campanha da petista em 2010 –, Dilma confirmou
que houve desvios e disse que “fará todo o possível” para ressarcir o país. Em
discurso no Palácio da Alvorada, ela não tratou diretamente do dinheiro do
petrolão para sua campanha.
“Eu farei todo o meu
possível para ressarcir o país. Se houve desvio de dinheiro público nós
queremos ele de volta. Se houve, não, houve [desvio]”, afirmou. “Tomarei todas
as medidas para ressarcir tudo e todos, mas ninguém sabe hoje o que deve ser
ressarcido porque a delação premiada, onde tem os dados mais importantes, não
foi entregue a nós”, disse ela. O Palácio do Planalto tentou ter acesso ao
conteúdo da delação premiada de Paulo Roberto Costa, mas tanto o
procurador-geral da República Rodrigo Janot, quanto o ministro Teori Zavascki,
que conduz o caso no Supremo Tribunal Federal (STF), negaram o pedido. Ambos
alegaram que as informações são protegidas por sigilo.
Em suas principais
revelações, Costa afirmou que PT, PMDB e PP participavam do esquema de desvios
milionários da Petrobras tanto no governo Lula quanto no governo Dilma. De
acordo com Paulo Roberto, também houve o pagamento de propina ao ex-presidente
do PSDB Sergio Guerra para que o então parlamentar impedisse investigações de
uma antiga CPI da Petrobras. Guerra morreu no início do ano.
De acordo com Dilma, mesmo
que agora as revelações apontem para o nome de um tucano no escândalo, não há
motivo para comemorações. Ela disse que todos os suspeitos devem ser
investigados, mas ironizou a inclusão do PSDB no rol de possíveis envolvidos
recorrendo a um ditado popular: “Pau que bate em Chico bate em Francisco”.
“Não acho que alguém no
Brasil tem a primazia da bandeira da ética. Todos os integrantes de partido,
qualquer um, que tenha cometido crime, delito, malfeito, tem de pagar por isso.
Ninguém está acima de qualquer suspeita no Brasil. Todos aqueles que não
cumpriram com os princípios éticos e de uso absolutamente limpo do dinheiro
público devem pagar por isso”, declarou a presidente-candidata.
Eleições – Apontada como a
responsável por iniciar uma campanha presidencial permeada por baixarias sem
precedentes, Dilma também tentou neste sábado se eximir de responsabilidade
sobre o baixo nível da disputa, mas se recusou a comentar as recentes manifestações
do ex-presidente Lula, seu cabo eleitoral mais importante e personagem que tem
proferido os discursos mais apelativos. A despeito de o Tribunal Superior
Eleitoral (TSE) ter alterado sua jurisprudência para manter o debate mais
propositivo, Dilma tentou desvencilhar sua campanha do alcance da decisão.
“Não concordo que o TSE teve
qualquer intervenção na minha campanha. Acredito que o que é baixo nível na
campanha é alvo que deve ser completamente superado. Acontece que nós temos
propostas. Discuto indústria naval, Pronatec, Minha casa, Minha Vida e um
conjunto de políticas. O que acontece com o candidato adversário? Quando é da
área social, ele diz que foi o governo do Fernando Henrique [Cardoso] que fez –
aí ele gosta de falar no governo Fernando Henrique e não prova que foi Fernando
Henrique que fez”, criticou.
Em um raciocínio enviesado,
a presidente ainda atacou o adversário Aécio Neves por ele ter chamado ela
própria - uma mulher - de “leviana” em debates presidenciais. A equipe do
tucano anunciou que, diante da baixaria, processará Dilma por calúnia e
difamação. “Quando começa a discussão, o candidato adversário não gosta muito e
ele parte para umas atitudes um tanto quanto desrespeitosas. Foram
desrespeitosas comigo e foram desrespeitosas com a Luciana Genro. Ele pode
inclusive querer processar, mas quem devia processá-lo somos nós porque a nós
duas ele chamou de leviana, coisa que não se faz. Não é uma fala correta para
mulheres”, disse.
Fonte: Veja
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