domingo, 8 de setembro de 2013

0 PMDB, PT e PSDB igualados na repressão a protesto

Polícias comandadas pelos maiores partidos do país endurecem o tratamento dispensado a manifestantes no Rio, no Distrito Federal e em São Paulo. Sábado terminou com dezenas de feridos e 160 pessoas detidas nas três capitais

Marcello Casal Jr./ABr
Polícia usa jato d’água para reprimir manifestante na Esplanada dos Ministérios

Os protestos de 7 de setembro ficaram longe de alcançar as marcas atingidas pelas manifestações que sacudiram o país em junho. Serão lembrados mais pelo confronto entre policiais e manifestantes do que pelas multidões que tomaram conta das principais cidades brasileiras três meses atrás. Mas mostraram, também, que as polícias comandadas pelos três principais partidos do país não são tão diferentes entre si na hora de reprimir.

O Dia da Independência terminou com denúncias de abuso contra as polícias dos governadores do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), e de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB). Na resposta aos protestos, prevaleceu a forte repressão policial nas duas maiores cidades do país e na capital federal. Sobrou, até, para quem participava pacificamente dos protestos ou estava ali trabalhando, como profissionais de imprensa. Apenas nessas três cidades, 160 pessoas foram detidas ao longo de todo o dia. Mais de duas dezenas ficaram feridas.
Crianças feridas

O maior confronto entre manifestantes e policiais ocorreu no Rio, onde cerca de 80 pessoas foram presas. Os problemas começaram pela manhã. O público que assistia ao desfile da Independência foi atingido por gás lacrimogêneo utilizado por policiais para dispersar manifestantes que invadiram a parada militar para pedir a saída do governador. Ao todo, 24 pessoas procuraram atendimento médico. Entre elas, crianças, idosos e mulheres.

No final da tarde, o clima esquentou novamente. Integrantes do movimento Black Bloc, de inspiração anarquista, enfrentaram policiais militares em frente ao Palácio Guanabara, sede do governo do Rio. Uma das bombas atiradas pelo batalhão de choque da PM atingiu a Sociedade Viva Cazuza, que cuida de crianças em situação de risco. O comando da polícia admitiu que houve uma falha na ação policial, que o disparo foi feito de “maneira equivocada” e que a responsabilidade pelo incidente será apurada em sindicância interna.

Bombas e cachorros

No Distrito Federal, a manhã foi de relativa tranquilidade. Policiais usaram spray de pimenta para dispersar manifestantes que tentavam avançar sobre o espelho d’água na entrada do Congresso Nacional. Mas não houve confronto. À tarde, porém, o clima foi de guerra em algumas das principais vias de Brasília.

Manifestantes furaram um bloqueio policial e tentaram se aproximar do Estádio Nacional Mané Garrincha, onde as seleções do Brasil e da Austrália se enfrentariam horas depois. Balas de borracha, bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo foram utilizados contra manifestantes, em meio aos torcedores que chegavam ao estádio. Antes, os manifestantes haviam tentado depredar uma concessionária de veículos e o prédio da TV Globo. Repelidos dos arredores do Mané Garrincha, eles ficaram acuados na plataforma superior da rodoviária de Brasília até o início da noite.

Houve também denúncia de abuso policial. Um vídeo gravado pela equipe do jornal O Estado de S. Paulo mostrou dois jovens sendo agredidos por dois policiais. Um fotógrafo da agência Reuters se machucou no momento em que tentava fugir dos cães controlados por homens do batalhão de Choque durante protesto nos arredores do Mané Garrincha. “Os policiais jogaram os cachorros em cima da imprensa, foi na maldade mesmo. Gritaram ‘pega, pega’”, afirmou Ueslei Marcelino ao UOL. Outro fotógrafo, da Folha de S. Paulo, também foi atacado por cachorros da PM, mas não se feriu. Um repórter da Agência Brasil registrou boletim de ocorrência após ser agredido por três policiais com spray de pimenta e empurrões. Luciano Nascimento contou que foi abordado quando conversava com um manifestante, também atingido por uma bomba de gás lacrimogêneo.

Até o começo da noite de ontem, 50 pessoas haviam sido detidas pela polícia do Distrito Federal por desacato, desordem ou dano ao patrimônio. O Governo do Distrito Federal anunciou a instauração de sindicância para apurar o caso. O comando da PF, porém, classificou como “perfeita” a ação dos policiais ao longo do dia.

Atropelamentos e cassetete

Assim como em Brasília, em São Paulo os protestos começaram pacíficos e terminaram com cenas de violência e troca de acusações entre policiais e manifestantes. Cerca de 30 pessoas foram detidas. Pelo menos cinco pessoas ficaram feridas. Os incidentes mais graves ocorreram no final da tarde, no Centro, quando a tropa de choque foi acionada para conter ataques à Câmara de Vereadores. Duas agências bancárias também foram depredadas por um grupo.

Houve uso de bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha para repressão. Na dispersão dos manifestantes, três foram atropelados – um deles por veículo da própria PM. Um rapaz foi ferido na Avenida Paulista e encaminhado a um pronto-socorro. Segundo a Polícia Militar, ele foi atingido por uma garrafa arremessada por manifestantes. Pessoas que estavam próximas afirmam que ele foi ferido por golpes de cassetete de um PM.

Policiais paulistas também foram acusados por manifestantes de terem feito disparos de revólver para dispersar a multidão. O comando da polícia paulista alega que apenas reagiu à ação de manifestantes que apelaram para o uso da violência e da ameaça. Duas pessoas foram flagradas dando golpes com pedaço de madeira em uma moto da PM caída ao chão.

Fonte: Congresso em foco.

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