O IDH (Índice de
Desenvolvimento Humano) do Brasil subiu e superou a média da América Latina e
Caribe, mas o país ainda ocupa o 79º lugar no ranking mundial com 187 países. O
índice brasileiro é 0,744 -- a média da região é de 0,74 e a média mundial ficou
em 0,702.
Os dados foram divulgados em
relatório do Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) nesta
quinta-feira (24) com base em números referentes ao ano de 2013. A escala do
IDH vai de 0 a 1 -- quanto mais próximo de 1, melhor o desempenho do país.
Com esse índice, o Brasil
está no grupo de países com desenvolvimento humano alto -- existem ainda faixas
para "muito alto", "médio" e "baixo" -- e ocupa a
segunda posição na lista dos Brics (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia,
China e África do Sul). Com índice de 0,778, a Rússia ocupa a 54ª posição no
ranking e, no grupo, a Índia tem o menor IDH, com 0,586, e está no 135º lugar.
Para se ter uma ideia, o IDH
mais alto é o da Noruega (0,944) pelo quinto ano consecutivo, e o pior
desempenho de desenvolvimento humano é do Níger (0,337). Dois países apresentam
o mesmo IDH que o Brasil: Geórgia (país que fica entre a Europa e a Ásia) e por
Granada (América Central).
Conforme o documento do
Pnud, a expectativa de vida dos brasileiros é de 73,9 anos; a média de
escolaridade entre os adultos é de 7,2 anos; a expectativa de tempo de estudo é
15,2 anos; e a renda nacional per capita anual é de US$ 14.275 (cerca de R$
31.697 com o câmbio atual).
Muito a ser feito
Para o representante do Pnud
no Brasil Jorge Chediek, o Brasil tem apresentado uma melhora "consistente
em relação a mudanças estruturais". Entre os itens que contribuíram para
esse avanço, ele cita "a renda subindo, o resultado de ações políticas, a
restauração da democracia, a estabilidade macroeconômica, a criação do SUS e a
luta pela expansão da educação, com a universalização".
Ele observa, porém, que
ainda há muito a ser feito no país. "O Brasil é muito desigual ainda,
mesmo que a desigualdade tenha sido reduzida nos últimos anos, por causa da
criação de empregos." Neste ano, houve mudança de metodologia e o Pnud
atualizou todos os dados da série histórica, desde 1980. Assim, o IDH do Brasil
foi 0,742 no ano passado. Desde 2008, o país caiu quatro posições.
O relatório deste ano mostra
que 38 países subiram no ranking, 35 caíram e 114 mantiveram suas posições. Na
região que compreende América Latina e Caribe, houve cinco países que
melhoraram seu desempenho; nove pioraram e 19 ficaram na mesma colocação.
Elogios ao Bolsa Família
O relatório do Pnud de 2014
propõe a discussão sobre a evolução e a sustentabilidade do desenvolvimento
humano alcançado pelos países até aqui e nos próximos anos, reduzindo as
vulnerabilidades do indivíduo e construindo a resiliência, isto é, a capacidade
da população de se adaptar às crises.
Ao defender medidas para
conseguir evoluir e garantir o desenvolvimento humano, o relatório destaca o
programa federal Bolsa Família como um bom exemplo de política pública de curto
prazo.
Para o Pnud, o programa do
governo federal, que completou dez anos no ano passado, consegue fazer
distribuição de renda de forma rápida e eficaz em momentos de crise enquanto a
infraestrutura social necessária ainda não estiver disponível. Segundo o relatório,
o recebimento de recursos propicia a manutenção do desenvolvimento humano
alcançado pela população mais vulnerável.
Isto porque, quando uma
família é constantemente submetida a situações adversas, como uma crise
econômica ou aumento de preços, pode surgir uma situação de vulnerabilidade, em
que crianças podem ficar desnutridas ou serem retiradas da escola para
trabalhar, por exemplo. Com a transferência de renda, fica mais possível
garantir a nutrição e a escolaridade.
"Parte do sucesso
desses programas ocorre porque eles são projetados para proteger capacidades do
indivíduo. Além disso, eles podem ser rapidamente ampliados para mitigar as
consequências ruins de uma nova crise de curto prazo, como aconteceu com o
aumento súbito do preço dos alimentos, como ocorreu no Brasil após a crise de
2008", defende trecho do relatório.
"Esses programas são o
piso [base mínima] de proteção social que a sociedade deve ter para promover a
resiliência. E, para diminuir a desigualdade, a solução não é reduzir os
programas sociais, mas melhorar a qualidade deles", explica Chediek, do
Pnud.
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Sueli Dumont, de Jaboatão
dos Guararapes (PE), é beneficiária do Bolsa Família; programa federal foi
elogiado no relatório do Pnud sobre IDH
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Índices complementares
O Pnud também tem, desde
2010, indicadores complementares que explicam o desenvolvimento humano nos
países. Mas não é possível fazer uma comparação histórica ainda, segundo o
órgão.
De acordo com o relatório, o
IDH ajustado à desigualdade brasileiro é 0,542. Isto significa que o Brasil
cairia 16 posições no ranking – em um grupo de 145 países – porque este
indicador considera em seu cálculo as disparidades na população. O Pnud
ressalta que a desigualdade no país ainda é grande.
No indicador de desigualdade
de gênero, o Brasil ocupa a 85ª posição de um total de 149 países. Seu índice é
0,441 e ficou abaixo da média da América Latina e Caribe, que é 0,416.
O Brasil apresentou ainda
uma taxa de 0,012 no indicador de pobreza multidimensional. O relatório de 2014
possui estimativas para 91 países.
Fonte: UOL
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