Por Gaudêncio Torquato
Marina Silva e Eduardo Campos - Foto: Reprodução / Facebook / Eduardo Campos
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O imprevisível ronda o
planeta da política. Quando menos se espera, chega devastador, trazendo consigo
o poder de gerar perplexidade, assustar, causar comoção. Poder que se expande
às alturas quando o ator é um candidato ao posto mais alto da Nação, esbanjando
jovialidade, vitalidade, dinamismo, confiança e desaparece de cena, vitimado
por uma tragédia aérea.
A morte de Eduardo Campos,
no fatídico 13 de agosto (o mesmo dia em que faleceu seu avô Miguel Arraes, em
2005) é um forte golpe na fisionomia política brasileira, eis que o perfil do
ex-governador, estruturado sobre uma sólida, coerente e vitoriosa carreira
pública, reunia potencial para puxar o cordão de mudanças no processo político
nos próximos anos
Um quadro da geração pós-64
(nasceu em 1965), alimentava um sonho, confessado a este escriba, há cerca de
dois anos, em Comandatuba, na Bahia, por ocasião de um evento reunindo
empresários e políticos.
Dizia: “Meu sonho é reunir a
geração pós-64 (chegou a citar alguns nomes de grupos e partidos diferentes),
fazermos uma grande aliança e tomar as rédeas do país, deixando os nossos mais
velhos, que já deram sua cota de sacrifício, descansando com sua
aposentadoria”.
O tom da conversa, incisivo,
não deixava dúvidas. Campos achava viável agrupar os representantes de sua
geração, compor um formidável programa de mudanças, realizar um pacto com o
sistema produtivo e incentivar o ingresso dos jovens na política.
A mudança dos costumes
políticos tinha de vir de baixo, pela via da formação da juventude, e não por
decreto. Ele mesmo, em Pernambuco, diferentemente da escola de seu avô,
implantara uma metodologia de gestão voltada para resultados e promovendo,
segundo ele, “revolucionária” política educacional.
Parecia comprometido com um
diferenciado modus faciendi na administração pública.
Gaudêncio Torquato,
jornalista, professor titular da USP, consultor político e de comunicação
Twitter @gaudtorquato
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