domingo, 17 de agosto de 2014

0 Apaga-se a estrela da geração pós-64

Por Gaudêncio Torquato


Marina Silva e Eduardo Campos - Foto: Reprodução / Facebook / Eduardo Campos


O imprevisível ronda o planeta da política. Quando menos se espera, chega devastador, trazendo consigo o poder de gerar perplexidade, assustar, causar comoção. Poder que se expande às alturas quando o ator é um candidato ao posto mais alto da Nação, esbanjando jovialidade, vitalidade, dinamismo, confiança e desaparece de cena, vitimado por uma tragédia aérea.

A morte de Eduardo Campos, no fatídico 13 de agosto (o mesmo dia em que faleceu seu avô Miguel Arraes, em 2005) é um forte golpe na fisionomia política brasileira, eis que o perfil do ex-governador, estruturado sobre uma sólida, coerente e vitoriosa carreira pública, reunia potencial para puxar o cordão de mudanças no processo político nos próximos anos

Um quadro da geração pós-64 (nasceu em 1965), alimentava um sonho, confessado a este escriba, há cerca de dois anos, em Comandatuba, na Bahia, por ocasião de um evento reunindo empresários e políticos.

Dizia: “Meu sonho é reunir a geração pós-64 (chegou a citar alguns nomes de grupos e partidos diferentes), fazermos uma grande aliança e tomar as rédeas do país, deixando os nossos mais velhos, que já deram sua cota de sacrifício, descansando com sua aposentadoria”.

O tom da conversa, incisivo, não deixava dúvidas. Campos achava viável agrupar os representantes de sua geração, compor um formidável programa de mudanças, realizar um pacto com o sistema produtivo e incentivar o ingresso dos jovens na política.

A mudança dos costumes políticos tinha de vir de baixo, pela via da formação da juventude, e não por decreto. Ele mesmo, em Pernambuco, diferentemente da escola de seu avô, implantara uma metodologia de gestão voltada para resultados e promovendo, segundo ele, “revolucionária” política educacional.

Parecia comprometido com um diferenciado modus faciendi na administração pública.
  

Gaudêncio Torquato, jornalista, professor titular da USP, consultor político e de comunicação Twitter @gaudtorquato

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