domingo, 24 de agosto de 2014

0 Quão sustentável é Marina Silva?

Com ideais inatacáveis e biografia extraordinária, Marina Silva segue em fulminante ascensão na disputa pela Presidência pelo PSB.


Marina - Empate técnico com o candidato do PSDB, Aécio Neves (Alexandre Severo/VEJA)

A cena impressiona todos os que já a presenciaram. Sempre que Marina Silva é esperada em algum lugar, à sua chegada faz-se um silêncio reverente. Interrompem-se as conversas, suspendem-se as movimentações e ninguém sai correndo para falar com ela — até que, sentada, mãos cruzadas sobre o colo, tome a iniciativa de dizer a primeira palavra. O semblante severo e o olhar beatífico inspiram esse distanciamento meio fora de lugar em um mundo onde até o papa dispensa rapapés e se mistura alegremente às multidões. Mas esse é o estilo de Marina, reafirmado por sua figura frágil de 50 quilos e 1,65 metro de altura. O que ela diz, em um tom meio palanque, meio sacristia, completa a cena. Marina defende a preservação da Floresta Amazônica, o uso da tecnologia a serviço do meio ambiente, uma política livre de fisiologismos e um mundo sem corrupção. Quem há de ser contra? Se hoje são causas das quais ninguém discorda, é certo que Marina as abraçou antes e com mais afinco que a maioria dos políticos. Bastaria isso para Marina, feita candidata a presidente pela trágica morte de Eduardo Campos, amedrontar os outros concorrentes. Ela foi candidata a presidente em 2010, quando recebeu sólidos 20 milhões de votos.

Mas tem mais.

Perto de sua trajetória de vida empalidecem outras histórias, como a do retirante que foi para São Paulo de pau de arara, virou metalúrgico, sindicalista e presidente. Marina foi seringueira, trabalhou como empregada doméstica, só aos 16 anos aprendeu a ler. Venceu a miséria, a ignorância, a doença e tornou-se líder ambientalista mundialmente reconhecida. Foi deputada, senadora, ministra. Há uma semana ela apareceu tecnicamente empatada com o senador Aécio Neves, candidato do PSDB, segundo a última grande pesquisa do Datafolha. Agora pode até mesmo estar a menos de dois meses de se eleger presidente da República, segundo os dados parciais de pesquisas, sondagens de partidos e de instituições financeiras. Com tantos atributos, circunstâncias favoráveis e experiência política, Marina é, no essencial que se exige de um chefe de Estado, uma esfinge.

(...)

Por Mariana Barros, Veja

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