terça-feira, 11 de junho de 2013

0 Festas Juninas mantêm viva a tradição nordestina

Cultura

Por Luciana Araújo em 08/06/2013 às 13:04

Lume da Fogueira durante apresentação em 2012

Fogueiras, comidas típicas, arraiás, colorido e muita alegria fazem de junho um dos meses mais animados do ano. É também um dos períodos mais representativos para a cultura nordestina.

Como ‘diria’ o Rei do Baião em sua música São João na Roça, "A fogueira tá queimando em homenagem a São João, o forró já começou, vamos gente, rapapé neste salão". E é nesse clima de entusiasmo que os grupos de quadrilhas juninas fazem sua participação e tornam os festejos mais completos.

Eles tomam conta da Arena Deodete Dias nos principais dias de Mossoró Cidade Junina. Homens, mulheres e crianças, embalados pelo toque da sanfona que incendeia o coração do público, superam limites e, com sorrisos nos rostos, encantam a multidão. Nas apresentações deste ano, cerca de 200 grupos devem passar pela Arena.

Um deles é a Quadrilha Inclusão com Paixão, que se apresentará no dia 15, às 19h. Com o tema ‘A chama da inclusão vai aquecer seu coração, a companhia chega ao seu segundo ano. Composta por 21 integrantes, sendo dez mulheres cadeirantes, dez homens andantes, dos quais cinco são surdos, e um puxador, a turma tem o objetivo de mostrar à sociedade que as necessidades especiais não são empecilhos para a alegria.

“Quando a gente entra na Arena e escuta aquela multidão aplaudindo, olhar para o grupo...”, diz a diretora executiva da companhia, Benômia Rebouças sobre o que impulsiona os integrantes. “O que motiva é fazer essas pessoas se sentirem como pessoas, mostrar que podem. Não é porque estão em cadeiras de rodas que não podem”, acrescenta.

A alegria do período contagia a todos e facilita a missão. “Principalmente as músicas, o toque da sanfona, o arrasta-pé, os fogos”, descreve a diretora executiva. “Acho que o nordestino coloca toda a alegria dele nesse período”, complementa.

É esse entusiasmo que faz com que eles se empenhem por horas, dias e até meses antes de chegarem à Arena. O diretor artístico e coreógrafo da Inclusão com Paixão, Hebert Menezes, conta que os ensaios do grupo, que ocorrem, semanalmente, começaram em março. São quatro horas de preparação a cada encontro. Nessa reta, final, no entanto, a perspectiva é de que os ensaios demorem até sete horas.

Até porque, eles não se apresentarão apenas em Mossoró. A equipe também estará no Festival de Quadrilhas Juninas da Inter TV, que acontecerá em Monte Alegre, no dia 14 de junho, e em Natal, no dia 21. Para essa maratona, a quadrilha precisa estar preparada.

Os sacrifícios não são só físicos. Financeiramente, os grupos também se esforçam. Hebert Menezes conta que a companhia recebe patrocínio do município, mas essa ajuda financeira não tem data certa para ser repassada. Por isso, até lá, os componentes têm que colocar as mãos nos bolsos e a criatividade para funcionar, a fim de organizar eventos para angariar fundos e contribuir com o custeio das quadrilhas.

Os 40 casais da quadrilha estilizada Lume da Fogueira também se preparam para dar o seu melhor no 16º ano de apresentação do grupo. O vice-diretor e coreógrafo da equipe, Abraão Morais, conta que a preparação começou logo após o Carnaval. Na realidade, desde novembro eles vêm trabalhando em outras questões.

Ele não sabe precisar quantos ensaios o grupo terá até o final da preparação, mas estima que o total supere a marca de 100. Nessa reta final, os encontros acontecem todas as noites, após às 22h e chegam a entrar pela madrugada. Os vizinhos do espaço onde os ensaios são realizados não reclamam. Ao contrário, de acordo com o vice-diretor, eles são grandes incentivadores.

A quadrilha, que, inicialmente, era tradicional e se apresentava na Escola Manoel Assis, como o nome de Rabo de Palha, saiu do pátio do colégio, se modificou e, desde então, vem conquistando premiações. No ano passado, quando o grupo completou 15 anos, venceu o concurso em Mossoró, foi campeã do Rio Grande do Norte e vice-campeã no Nordeste. Diante de tantas premiações, a ideia de encerrar a carreira foi vencida. Agora, eles pensam em continuar e defenderem os títulos conquistados.

O grupo se apresentará em Mossoró no dia 19. Antes disso, eles estarão em Monte Alegre, em 15 de junho, e Currais Novos, no dia 16. Já no dia 20, a quadrilha se apresentará em Apodi.

Este ano, Lume da Fogueira terá como tema ‘Três nós e uma promessa’. O vice-diretor conta que a temática remete à tradição das fitas nordestinas, presas aos braços de quem deseja alcançar três desejos, um a cada nó. Nesse sentido, a proposta do grupo é expor os pedidos na Arena e, se alcançar os desejos, pagar a promessa em frente ao público.

O grupo deve contar com, aproximadamente, 120 integrantes, pois, além dos 80 dançantes, tem o pessoal de apoio. Todos dirigidos pela professora Liana Duarte. O reconhecimento do público também é a receita para que esses jovens de 14 a 35 anos se esforcem tanto, como confirma o Abraão Morais.

Quem assistirá os 25 minutos de apresentação na Arena Deodete Dias pode nem imaginar o esforço feito por cada um, mas mesmo com todos os ensaios e todo preparo físico, muitos chegam a desmaiar, como confirma Abraão. Em outras circunstâncias, eles vão além dos próprios limites físicos. “Tem horas que a emoção é tão grande, que aguenta e deixa para cair no final, para não prejudicar o grupo”, diz o vice-diretor.

Mas todo o esforço vale a pena. “Compensa demais. Nós só seguramos o choro porque somos artistas experientes, mas depois a gente desaba”, confirma Hebert Menezes.





Culinária regional ganha destaque

  
 Milho cru é o produto mais procurado na véspera de São João

Na lista de ingredientes da alegria junina, a culinária regional fica em evidência. “Não pode faltar a pamonha e a canjica de jeito nenhum, nem o milho assado”, comenta o proprietário de um dos estabelecimentos especializados na venda dos produtos, Francisco Lobo Maia, o ‘Lobão do Milho’, como é conhecido na cidade.

Mesmo em períodos de seca, produtores e vendedores se esforçam para garantir que as delícias estejam presentes.

“A gente já é preparado. Tem 26 anos que vendemos milho em Mossoró e nesse período de São João é quando mais vendemos”, diz Lobão. Para manter a ‘freguesia’, ele traz o milho de Limoeiro, onde uma plantação irrigada do produto garante a oferta em períodos de seca.

Em seu ponto comercial, próximo à Cobal, além do milho cru, o produto é vendido cozido. As pamonhas e canjicas também chamam atenção dos consumidores.

Por dia, a produção desses pratos atinge a média de 700. A quantidade varia de 800 a 1.000 pamonhas e canjicas na véspera de São João. Essas delícias começam a ser produzidas, diariamente, às 7h, e se estende até as 14h.

Além do ponto de venda, os produtos abastecem supermercados e panificadoras da cidade. Fora isso, ambulantes vendem as guloseimas pelas ruas de Mossoró.

A data de maior movimentação é a véspera de São João. “Das três fogueiras, a que mais vende é a de São João”, comenta Lobão. Nessa data, o produto mais procurado é o milho cru. E se engana quem pensa que são apenas os mossoroenses que procuram pelo milho. Pessoas vindas de Catolé do Rocha, Campo Grande e Serra do Mel, entre outros municípios, também recorrem ao estabelecimento para garantir as guloseimas da noite de festa junina.

Fonte: Gazata do Oeste.

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