20/05/2013 - 03h02
LUISA BELCHIOR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM MADRI
LUISA BELCHIOR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM MADRI
O Brasil não vai exigir
exame nacional de revalidação do diploma de médicos trazidos da Espanha e de
Portugal para trabalho temporário em áreas com déficit de profissionais da
saúde no país.
Entidades médicas dizem que
decisão traz risco à saúde
Em contrapartida, esses
estrangeiros só poderão atuar nas áreas determinadas pelo governo em periferias
e no interior e por período que não deve passar de três anos.
Caso queiram trabalhar mais
no Brasil, terão então de fazer o exame, seguindo um modelo já adotado por
países como Canadá, Austrália, Reino Unido e a própria Espanha.
A proposta será apresentada
hoje em Genebra pelo Ministério da Saúde à Espanha e a Portugal, durante
encontro anual da OMS (Organização Mundial da Saúde).
Ela será o modelo de
contratação de estrangeiros que o país vai adotar, disse à Folha o ministro da
pasta, Alexandre Padilha.
"Nosso maior interesse
é atrair médicos de Espanha e Portugal para atuar restritamente em regiões com
carência de profissionais, por um período de dois, três anos, na área de
atenção primária, em que a Espanha tem grande tradição. O Brasil precisa de
mais médicos, mais próximos da população e com mais qualidade" disse o
ministro.
Uma equipe de Padilha se
reúne hoje com os ministros espanhol e português.
Consultado pela Folha, o
governo espanhol já indicou ter muito interesse no convênio. O país tem 20 mil
médicos desempregados.
O Brasil é o segundo foco
(depois da Inglaterra) do Ministério da Saúde espanhol para exportar profissionais.
A pasta preparou um projeto
para o governo brasileiro, que propõe agilizar a concessão de vistos e validar
diplomas espanhóis.
Oferece como contrapartida
facilidades e bolsas para estudantes brasileiros em universidades da Espanha.
Na semana passada, o
secretário de Gestão no Trabalho e Educação do Ministério da Saúde, Mozart
Sales, visitou faculdades de Medicina em Barcelona e em Sevilha.
Recém-formados dessas
universidades também serão incorporados pelo governo brasileiro, segundo
Padilha.
PARCERIA
"Eu, como ministro da
Saúde, vendo de um lado a situação de médicos qualificados sem perspectiva de
emprego na Espanha e em Portugal, e de outro, a necessidade de mais médicos
para uma população [no Brasil] não vou ficar parado sem pensar em construir
parcerias".
Desde o ano passado, o
governo inglês faz recrutamentos periódicos de médicos e enfermeiros na Espanha
para trabalhar em hospitais e centros de saúde do país.
A clínica geral Inma Fuentes
queria trabalhar no Brasil, mas optou por um recrutamento em Londres. "O
Brasil é uma ótima opção pelo tipo de atendimento que podemos fazer lá, mas eu
desisti por causa da burocracia".
Editoria de Arte/Folhapress |
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