DE SÃO PAULO
O empresário Roberto Civita
morreu neste domingo (26) em São Paulo, aos 76 anos, vítima de complicações
cardíacas. De origem italiana, era presidente do Grupo Abril, uma das maiores
empresas brasileiras de comunicação, e editor da "Veja", a maior
revista semanal do país, com circulação de mais de 1 milhão de exemplares.
Civita estava internado
desde março no hospital Sírio-Libanês, onde passou por uma cirurgia para a
colocação de um stent abdominal. Desde então, ele estava afastado de suas
funções no Grupo Abril, assumidas interinamente por Giancarlo Civita, seu
filho.
Roberto Civita também
diretor editorial da Abril S.A., com 9 mil funcionários e faturamento de R$
2,98 bilhões em 2012, da qual faz parte a Editora Abril. Fundada em 1950 pelo
pai de Roberto, a editora publica 52 títulos, entre eles as revistas
"Exame", "Claudia", "Playboy", "Quatro
Rodas" e "Placar".
Zanone Fraissat -
8.out.2012/Folhapress
|
Roberto Civita, presidente
do grupo Abril, na Sala São Paulo, em outubro de 2012
Em entrevista ao jornal
"Valor Econômico" em 2012, ao falar sobre as reações fortes
provocadas pela "Veja", revista que com o passar dos anos se tornou
mais assertiva e polêmica em suas posições editoriais, Roberto Civita defendeu
o título.
"Se você não está
gerando reações fortes, está fazendo algo errado. Não acredito em imprensa que
quer agradar a todo mundo. Por que você faz uma revista? Só para ganhar
dinheiro? Eu acho que vem junto uma responsabilidade. Eu falo isso há 50
anos... Para todo mundo. Para os meus filhos. Eles não gostam, mas eu falo. Se
você não quer ter a responsabilidade, vai fazer álcool, vai plantar
batata."
Filho do empresário Victor
Civita e de Sylvana Alcorso, Roberto Civita nasceu em Milão em 9 de agosto de
1936. Três anos depois, sua família abandonou a Itália quando o regime fascista
intensificou a perseguição contra os judeus. Em 1939, partiram para Londres,
onde nasceu Richard, irmão de Robert, e a seguir foram para os Estados Unidos.
A família viveu dez anos nos
EUA, país em que seu pai se tornou sócio de uma fábrica de embalagens. Em 1949,
visitou a Itália, onde Victor reencontrou seu irmão César, que havia se
estabelecido na Argentina e lá editava a revista "El Pato Donald",
sob licença da Disney. César lhe disse que o Brasil lhe parecia um mercado
promissor. Victor viajou com o irmão para conhecer sua editora na Argentina e,
ainda em 1949, estabeleceu-se em São Paulo.
Sua família o seguiu em
1950, quando Victor lançou a edição brasileira de "O Pato Donald".
Roberto concluiu o segundo grau em São Paulo e logo voltou aos EUA. Entrou em
física nuclear no Texas, mas se arrependeu e se transferiu para a Universidade
da Pensilvânia, onde se formou em economia pela Wharton Business School em
1957, especializando-se em jornalismo com um estágio na revista
"Time".
Retornou ao Brasil em 1958
para trabalhar na editora do pai. Em 1966 Roberto lançou a revista
"Realidade", inspirada na revista "Life". Um ano depois
criou "Exame", inspirada na "Fortune". Em 1968 lançou
"Veja" e em 1975 criou a "Playboy" brasileira.
Em 1982, o conglomerado foi
dividido, e Roberto ficou com as revistas. Após a morte do pai, em 1990,
procurou diversificar o grupo: criou a MTV em 1990, a TVA em 1991 e a DirectTV
em 1996. As dívidas contraídas, porém, o obrigaram a se desfazer de parte dos
empreendimentos. Em 1999, saiu da DirectTV e, em 2012, desfez-se da TVA.
Em 2006, associou-se ao
grupo sul-africano Naspers. Na entrevista ao "Valor", Roberto definiu
o sócio estrangeiro como "gentil, afetuoso e amigo": "Eles têm
30%, menos na [Abril] Educação, e não se metem." Parte do Grupo Abril, a
unidade de educação teve receita líquida de R$ 883,5 milhões no ano passado.
Roberto Civita deixa a
mulher, Maria Antonia Magalhães Civita, os filhos Giancarlo Civita, Victor Civita
Neto e Roberta Anamaria Civita, e seis netos.
Fonte: Jornal Folha de S.Paulo
0 comentários:
Postar um comentário