Postado às 05h00
Por César Santos
A seca escalou o Congresso
Nacional. Para debate. Não mais do que isso. Foi ontem, na Câmara dos
Deputados, sob a presidência do parlamentar potiguar Henrique Eduardo Alves
(PMDB). Discursos inflamados, de lado a lado.
Governistas afirmando que a
presidente Dilma Rousseff (PT) tem feito muito, apresentando números: já foram
investidos R$ 13 bilhões no combate aos efeitos da estiagem prolongada e a soma
chegará aos R$ 35 bilhões, segundo o ministro da Integração Nacional, Fernando
Bezerra.
Oposicionistas, línguas
afiadas, rebateram com ironia.
O deputado Ronaldo Caiado,
da bancada ruralista e do DEM de Goiás, saiu com esta, depois de ouvir as
maravilhas de Bezerra: “Pelo que estamos vendo, a culpa é do produtor rural?”
Como o produtor pode pegar empréstimo nos bancos oficiais se ele está
inadimplente? Questionou. De resto, o bate boca improdutivo.
A audiência da seca “choveu
no molhado”, ou seja, não serviu para nada. Ou melhor, serviu: para sugestões
ocasionais que se desaparecem na desilusão do homem do campo, do tipo: formar
comissão para tratar de projetos de convivência com a seca.
Peraí!
Essa ladainha é tão antiga
quanto o sofrimento de quem depende dos pingos de água que caem do céu.
Pois bem…
O governo vai continuar
fazendo o que já está fazendo. Ações de resultados imediatos, porém paliativos,
e investimentos que certamente trarão resultado no futuro, como a construção de
barragem, açudes, perfuração de poços, construção de cisternas, entre outras.
São importantes, não há dúvida.
Agora, a convivência com a
seca exige muito mais do que isso.
É preciso que o governo
desenvolva políticas no campo, permitindo que as famílias de produtores possam
desenvolver as suas atividades mesmo no período de estiagem prolongada como
agora. Essa proposta é antiga, resgatada e explorada a cada seca que surge,
mas, infelizmente, não sai da retórica para a prática.
Por quê?
O sentimento que passa é que
os governantes, políticos, com ou sem mandato, se dão bem em cima do sofrimento
sertanejo. Quem chega com a cesta básica para matar a fome do flagelado é rei.
E quem nada faz, procura se dar com discurso de ocasião, criticando governo e
prometendo “fazer diferente” quando for governo.
para a plateia, como essa
iniciativa de gestores municipais de fechar as prefeituras como forma de
protesto.
Não é por aí.
Porém, a cena se repete e
insiste em se perpetuar. É aquela história de político-politiqueiro: o
sofrimento do povo pobre rende voto. Será?
Fonte: Jornal De fato.
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