08/05/2013 - 07h58
Depois de uma série de
insucessos (previsíveis, diga-se) no combate ao crack, o governo Alckmin lança
um projeto de internação aos dependentes, oferecendo uma quantia às famílias no
valor de R$ 1,3 mil mensais.
Já consigo ver os batalhões
de tolos classificando a chamada bolsa crack de desperdício de dinheiro,
fazendo comparações com o salário de um trabalhador.
A medida não é suficiente
--mas está certa. E é caro mesmo. Veja quanto uma família de classe média para
tratar, numa clínica particular, um dependente de drogas ou álcool.
O que se criticava (e com
razão) é que o sistema público não oferecia leitos suficientes para os
dependentes. Se vai oferecer agora, não sei. Mas o fato é que, com esse valor,
pode-se credenciar uma rede de instituições privadas.
Ilusão imaginar que só com
polícia e assistência social iríamos enfrentar o crack.
É um trabalho que envolve a
família, a escola, a comunidade. E, para ter algum efeito, psiquiatras,
medicando remédios. No meio disso, terapia e um esforço de socialização das
vítimas das drogas.
Mesmo assim o que podemos
fazer, na maioria dos casos, é reduzir os danos.
Como sempre digo aqui:
problemas complexos exigem soluções complexas e cara.
O resto são saídas
simplórias, como imaginar que a redução da maioridade penal vai nos deixar mais
seguros.
*
Por falar em redução de
danos, vale lembrar uma experiência da Universidade Federal de São Paulo. Fez
com que os dependentes trocassem o crack pela maconha --e obteve bons
resultados.
Gilberto Dimenstein ganhou
os principais prêmios destinados a jornalistas e escritores. Integra uma
incubadora de projetos de Harvard (Advanced Leadership Initiative). Desenvolve
o Catraca Livre, eleito o melhor blog de cidadania em língua portuguesa pela Deutsche
Welle. É morador da Vila Madalena.
Fonte: Folha de São Paulo.
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